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Lessa: de “bucha de canhão” a candidato favorito a federal

O ex-governador Ronaldo Lessa aparece como um dos favoritos na disputa por vaga na Câmara Federal, desbancando endinheirados e donos de currais (que também devem se eleger).

Lessa é um personagem singular na política alagoana. Conheceu do céu ao inferno, não necessariamente nesta ordem, e vive hoje o seu purgatório político.

Eleito deputado estadual pelo PMDB, em 1982, integrou a melhor bancada que o partido teve na Assembleia Legislativa. Selma Bandeira, sua colega de parlamento, morreu tragicamente em 1986. Os outros se perderam no meio do caminho.

Ainda que um tanto voluntarista, foi candidato a governador em 1986, perdendo para Collor. Mas mostrava ali que carregava algo mais do que o puro interesse carreirista.

Voltou ao cenário em 1988 como vereador – eleito com a diferença de um voto em relação a Terezinha Ramirez – e alcançou a mais expressiva, por improvável, eleição de sua vida: ganhou a prefeitura de Maceió, superando Téo Vilela e José Bernardes (este, no segundo turno).

Daí para frente colecionou duas belas vitórias ao governo do Estado: em 1998 e em 2002, vencendo uma disputa em carne viva – ao estilo – com o hoje senador Collor. Foi jogo bruto, como era de se esperar, mas Lessa venceu a “guerra”.

Teve a chance de dar a grande virada na história política de Alagoas, mas por traços de personalidade se perdeu e perdeu-se das suas origens.

Depois que saiu do governo, onde se mantinha sem nenhum entusiasmo nos seus últimos anos de Palácio, esperou sentado que o mandato de senador lhe caísse no colo. Aliado à soberba, perdeu a eleição para Collor.

A partir de então, apequenou-se. Passou a ser bucha de canhão dos líderes do Chapão: boquirroto, iracundo, mais raso do que de fato é. Perdeu duas eleições seguidas, para Vilela e Rui Palmeira, e tem agora a rara chance de se reabilitar.

Voltar ao patamar que já havia alcançado é impossível. Lessa não carrega mais com ele a esperança de uma geração, mas ainda tem um eleitorado fiel e que o segue – não religiosamente como a Collor -, apostando que ele pode ser um bom represente local no Congresso Nacional.

Nesta eleição, o ex-governador tem tido um comportamento exemplar: com discrição, tem atuado como coordenador do Chapão, sem dar declarações movidas pelo fígado e aparecendo como um dos principais nomes na disputa por uma vaga de deputado federal.

É um recomeço que não o levará de volta ao andar de cima, mas pode lhe oferecer a oportunidade de dar um desfecho digno a uma carreira política tão cheia de altos e baixos




Por TNH/Ricardo Mota

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