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Jovem da periferia de Maceió se destaca como executivo no Facebook

Wesley Barbosa, 28, também passou por empresas na China e Londres. Ele é responsável pela vinda do buscador chinês Baidu ao Brasil.

Ele passa quase o dia todo no Facebook e o chefe nem reclama. Na verdade, ainda é pago para isso. Alagoano nascido e criado no bairro do Vergel do Lago, em Maceió, Wesley Barbosa, 28, trabalha em São Paulo na maior rede social do mundo e, hoje, após colecionar passagens por empresas nacionais e internacionais em seu currículo, prova que trabalhar com algo que se gosta resulta mais em uma sensação prazerosa do que de obrigação ao fim do dia.

Antes de chegar, neste ano, ao “universo Facebookiano” criado por Mark Zuckerberg ainda nos dormitórios de Harvard, Barbosa já investia no compartilhamento de conteúdos que pudesse alavancar a própria carreira. O fato de ter sido o executivo responsável pela vinda do Baidu (segundo maior site de buscas do mundo) ao Brasil, o ajudou a trabalhar hoje em um dos escritórios mais descolados do país.

Mas a vida dele nem sempre foi de idas e vindas ao Vale do Silício. À reportagem do G1, Barbosa contou como conseguiu superar o sentimento de "coitadismo" do pobre menino da periferia a que estava fadado. No Ensino Médio, levava uma vida de “bagunceiro” e listava uma série de notas vermelhas. Mas foi uma nota azul no boletim que o fez querer mudar os rumos.


“Morava com minha mãe e dois irmãos em uma casa no Vergel do Lago. Apesar da vida esforçada, ela sempre prezou pela nossa educação. Estudava em um colégio particular e só tirava notas vermelhas, mas quando tirei uma nota azul foi o divisor de águas. Eu ficava recebendo notícias de morte de alguns amigos envolvidos com coisas erradas e não queria ter aquele mesmo destino. Comecei a estudar”, disse.

Movido por um pouco de egoísmo e por gostar de ser o centro das atenções, como ele mesmo se descreve, Barbosa aprendeu inglês sozinho aos 14 anos. “Fui a um evento e vi duas pessoas conversando em inglês. Eu comecei a chorar porque não entendia nada e eu não gosto de ficar por fora. Comecei a estudar e depois minha mãe me matriculou em um curso. Sem dinheiro, acabou ficando dois anos sem pagar, tentaram me expulsar, mas quando viram que eu só tinha notas 10, me deram uma bolsa de estudos”, contou.

O inglês foi aperfeiçoado quando começou a trabalhar no ramo de informática com um britânico, em Maceió. Aos 17 anos, prestou vestibular para Marketing em uma faculdade particular e Artes Cênicas na Universidade Federal de Alagoas. Arte que talvez o ajude hoje em dia na sua desenvoltura em palestras pelo país.

“Na época, não sabia mexer muito em computador, apenas havia aprendido termos técnicos, mas ao comprar meu primeiro computador, em seis meses me tornei professor da Microlins. Em 2007 fui convidado para trabalhar em um supermercado como coordenador de marketing e relacionamento, onde passei um ano”, contou ele.

Carreira no exterior

A vontade de sair de Maceió e morar e estudar fora o fez partir para a Irlanda em um intercâmbio cultural. “Em 2009, tentei ir pro Canadá, mas meu visto foi negado, fui para a Irlanda com dinheiro apenas para passar um mês. Quando a grana acabou, fiz uma festa de despedida e acabei fechando aulas de inglês para colegas que fiz lá”, relembrou ele, que de 2009 a 2011 engatou um MBA em marketing, um emprego em uma empresa internacional, palestrou sobre neuromarketing e participou de um processo seletivo de treinee.

Foi ao ler uma revista sobre a China, que Barbosa resolveu fazer uma das viagens mais promissoras da sua vida. “Juntei dinheiro fazendo sites e fiz outro intercâmbio, desta vez na China. Os diretores do jogo social Colheita Feliz acharam meu currículo por meio de um site de brasileiros em Pequim e me convidaram para uma entrevista. Contei a eles o que eu sabia sobre a economia brasileira, desenhando em um mapa o PIB do país dividido em quatro regiões. Eles adoraram e comecei a trabalhar lá como diretor de marketing".

Desde então, as oportunidades foram surgindo e Wesley Barbosa foi contratado pela empresa concorrente, a Happy Elements. Lá o próprio chefe o indicou ao executivo do buscador Baidu. “Fiquei três meses em Pequim e depois vim pro Brasil. Fui o primeiro funcionário estrangeiro a ser contratado pelo Baidu.

Aqui eu trabalhava de casa. Um certo dia, em um happy hour, fiz um contato com uma pessoa que trabalhava no Facebook e demonstrei minha vontade de atuar lá. Em poucos dias recebi um convite formal para uma entrevista e depois fui contratado”, conta.

Ele afirma que pretende passar ainda um bom tempo como Líder de Desenvolvimento de Mercado na rede social e aconselha que as pessoas invistam na carreira, nos estudos, aprendizados e em palestras que possam agregar. “Gosto de trabalhar no Facebook, a ficha ainda não caiu. É uma empresa que se preocupa com a família do funcionário, com a vida dele fora da empresa. Além de me proporcionar um bom status profissional. Mas sou movido por desafios. Sempre penso alto”.



Por G1/AL

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