“Descobri, conversando com ele e com pessoas próximas, que há aproximadamente 3 anos ele vaga por aqui”, comenta. “Ele chegou bem vestido, de terno, e começou a ficar sujo; como era um homem muito bonito, alto, traços alemães, chamou a atenção. As pessoas não entendiam, tanto pela aparência como pela fala, pois demonstrava ser muito instruído”, explica Rayanne. Ela descobriu também que ele ‘mora’ na rua perto de seu trabalho e viu que uma padaria costuma dar comida a ele. “Há um salão de beleza que cede o almoço, e corta o cabelo quando precisa”, completa.
Foi quando decidiu levar um lanche para o homem que ela passou a se interessar ainda mais pela história. “Embora esteja confuso, devido a tanta exposição e sofrimento, percebe-se que ele é um homem inteligente, falou que fez economia em Apucarana, citou uma revista alemã que costumava ler e o mestrado de uma professora Irene sobre aviação”, relata. Ela reuniu as informações, tirou uma foto do homem e passou a investigar o passado dele.
O misterioso homem disse que desistiu da vida quando foi diagnosticado erroneamente com HIV. Ele foi atropelado há alguns anos, quando já morava na rua, e os médicos descobriram que ele não tinha o vírus. “Após uns 2 mil compartilhamentos, uma ex-aluna da Fecea reconheceu ele e marcou outras amigas, e ela puxou o cadastro lá”, explica.
Assim, Rayanne finalmente descobriu que ele se chama Ricardo César Regis de Souza, o pai se chama Aristheu Florentino de Souza, e a mãe foi identificada como Amara Berenice Regis de Souza. Ricardo nasceu em 26 de maio de 1964, em Alagoas, se formou na Fecea em Ciências Econômicas em julho de 1991 depois de ser transferido da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Rayanne também conseguiu, por meio de alguns amigos, dois endereços que constam no nome de Ricardo. Uma das casas fica em Curitiba, na Rua Francisco Schaffer, no bairro Bom Retiro. A outra fica em Maceió (AL), no bairro Ponta Grossa, na Rua Santo Antônio. “Com o apoio de tanta gente, aos poucos conseguimos montar esse quebra-cabeça. Ele é uma pessoa muito boa e encontrei muitas pessoas dispostas a ajudar”, comenta. “Meu único objetivo é encontrar a família dele para que ele receba ajuda e possa levar uma vida normal, na medida do possível”, conclui.
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Por Tribuna Hoje
