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MST faz balanço positivo de jornada por conquistas em Alagoas

Avanço nas negociações para criação de assentamento está entre os principais objetivos alcançados, diz movimento

Com acampamento montado na praça Sinimbu desde segunda-feira (14), os trabalhadores rurais ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tiveram uma série de reuniões nas quais apresentaram pauta contendo uma série de reivindicações às autoridade competentes, após ocupação de prédios públicos na capital e interior. Nessa terça-feira (15), após reuniões com o governo estadual e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), os agricultores começaram a levantar acampamento para retornarem às cidades de origem - um dos espaços ocupados foi a Praça Sinimbu, no centro de Maceió. Entre as conquistas, segundo o movimento, está o avanço nas negociações para criação de assentamento onde hoje se localiza o acampamento São José, na fazenda São Sebastião, em Atalaia, palco de conflitos entre latifundiários e agricultores.

"Este é mais um importante momento de luta do nosso povo. Em todo o país, estamos mobilizados em memória aos companheiros tombados no massacre de Eldorado dos Carajás, no estado do Pará", disse Débora Marcolino, da direção nacional do MST. "E não poderíamos relembrar esse momento de outra maneira que não fosse com muita luta", exclamou.

Entre as demandas levadas ao Governo do Estado, o MST cobrou do secretário de Estado do Gabinete Civil, Álvaro Machado, a conclusão da transferência das áreas do antigo banco estadual Produban para a Reforma Agrária, de modo a cumprir promessa do próprio Executivo, que se comprometeu, no ano passado, em viabilizar projeto de irrigação para assentamentos no Sertão de Alagoas, com a destinação de dois mil hectares de terras irrigáveis para assentar as famílias hoje acampadas no acampamento Nelson Mandela, à beira do Canal do Sertão.

"Até agora, não tivemos nenhum retorno desses compromissos que o governo firmou com os trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra. Porém, nós não esperamos de braços cruzados", destacou José Roberto, também da direção nacional do MST. "E é por isso que estamos mobilizados na nossa jornada, tanto na capital, quanto no alto Sertão do estado de Alagoas, até que o povo acampado e assentado tenha respostas quanto às promessas que foram feitas."

Ainda segundo o MST, uma equipe técnica convocada pelo Governo do Estado ficou de visitar as áreas dos assentamentos na próxima semana para apresentar o andamento do projeto de irrigação das terras, com a presença de representantes da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra).

O secretário ainda teria se comprometido a conferir celeridade à negociação de uma área provisória a ser entregue a acampados que se encontram à margem do Canal do Sertão, enquanto os dois mil hectares de terra irrigáveis não são destinados ao assentamento das famílias.

José Roberto destacou, ainda, a importância desta área provisória para que os agricultores sertanejos possam garantir sua sobrevivência. "Estamos dispostos a esperar a conclusão do projeto, mas, com a segurança de que nossas famílias acampadas tenham uma área alternativa para que possam produzir seus alimentos".

No que diz respeito às terras do Produban, o governo estadual já encaminhou ao Incra as certidões de 12 áreas, de um total de 14. O Incra, por sua vez, já está encaminhando o processo burocrático de transferência das áreas, para que estas sejam destinadas à reforma agrária. Uma reunião entre a direção estadual do MST e o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) ficou marcada para o próximo dia 29.

Já na negociação com o Incra, os sem terra resgataram uma série de reivindicações. Na oportunidade, a superintendente do órgão, Lenilda Lima, anunciou que os proprietários da fazenda São Sebastião, onde hoje está localizado o acampamento São José, sinalizou positivamente para a oferta de venda da propriedade para o Incra.

A Fazenda São Sebastião é parte da massa falida da antiga Usina Ouricuri e foi ocupada pela primeira vez no ano de 2004. Desde então, o acampamento foi palco de diversos conflitos entre agricultores e latifundiários. O local também é marcado pelo assassinato de Jaelson Melquíades, liderança do MST morto a tiros em 2005 por jagunços que teriam agido a mando de grandes proprietários de terra da região.

"Essa é uma área extremamente importante para todos nós. Assassinaram nosso companheiro achando que nossa força iria diminuir, e estamos aqui mostrando o contrário. Lutando e sendo firmes quanto aos diversos ataques que recebemos na região, continuaremos a ter o que comemorar, celebrando, em especial, a memória de Jaelson", comentou Taciana Ribeiro, da direção estadual do MST e assentada no município de Atalaia.



Por Gazeta Web

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