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‘Frente de oposição pode reunir até 15 partidos’

ELEIÇÕES. Ex-governador Ronaldo Lessa diz que Teotonio Vilela Filho repete modelo defasado de articulação política e oposição ganha força

A frente de oposição ao governo do Estado tem um encontro marcado na próxima sexta-feira, dia 11, em Penedo. E o interlocutor do grupo, ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), diz que a tendência é apressar o cronograma de atividades para definir logo os pré-candidatos do grupo, uma vez que a base do governo está praticamente definida e fragmentada. Renan Calheiros ou Renan Filho, ambos do PMDB, ainda não decidiram quem vai comandar a chapa. Na verdade, o pai detém a hegemonia e a prerrogativa. Em entrevista à Gazeta, Lessa comenta o cenário político atual, diz acreditar que o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) está querendo tempo para forçar um segundo turno, que Benedito de Lira é forte na disputa e que sonha em tê-lo na frente para ganhar de forma massacrante e reafirma que estará em uma coligação confortável para ter uma cadeira na Câmara Federal.

Gazeta. O cenário político para as eleições deste ano está se desenhando em Alagoas. Até o governador, que era uma incógnita, já anunciou qual o seu pré-candidato. Como você analisa o quadro atual?

Ronaldo Lessa. A impressão que se tem é que o governador está repetindo o modelo que fez com a eleição passada para a prefeitura. Se não estimulou, não tentou evitar que os segmentos dele pudessem lançar. Quem está de fora, pensa que ele estimulou mais de uma candidatura. Alexandre Toledo, que foi secretário de Saúde dele e quer ser candidato, e Benedito de Lira, que tem o mesmo objetivo e também está dentro do governo. Agora, ele lança um terceiro. Eduardo Tavares nunca foi testado e todos imaginávamos que era o Marco Fireman. Fazendo essa divisão, o governador quer tempo e forçar um segundo turno, temendo que a oposição arremate a eleição, por causa da sua grande rejeição e pelo governo desastroso em todas as áreas.

Quando você fala em segundo turno, quais dos candidatos têm chance real de incomodar a oposição?

Só o Benedito de Lira. Os demais não têm a menor chance e o governador sabe disso. Claro que ele ainda pode fazer algumas manobras na base, fazendo deslocamentos de deputados na coligação para fortalecer o grupo.

Na sua opinião, por que o governador escolheu o Eduardo Tavares como

sucessor?

Acredito que ele [o governador] necessita ter uma boa relação com o Ministério Público e com o Poder Judiciário. O Ministério Público Federal denunciou o governador pelas aberrações cometidas durante a gestão, e o Eduardo Tavares, quando era procurador-geral de Justiça, homenageou o governador com medalha de honra ao mérito. É só uma devolução.

Essa fragmentação da base governista é boa ou ruim para a oposição?

Independe. Se a oposição souber trabalhar bem, não importará o jogo que Vilela está fazendo. Na campanha para prefeito, ele se escondeu na candidatura do Rui Palmeira e, agora, tenta fazer o mesmo. Há uma diferença. Agora, somos a oposição e não tentando manter a gestão. Acho que não se repete mais o que aconteceu no passado. O povo não engole mais. A dosagem de equívoco já foi superada.

Com a definição do futuro de Vilela, a frente de oposição se sente pressionada a indicar os pré-candidatos também?

O processo acelera, já que o outro quadro está definido. Quando se vê três cenários, a oposição pode se articular para apresentar os nomes. A nossa intenção era ter o diagnóstico. Técnicos e especialistas apresentariam aos partidos como está o quadro de todas as áreas do Estado e a partir do dia 11 de abril começaríamos a receber as propostas para melhorar esse cenário, para, então, afunilar para apresentar os nomes. Não estamos mais condicionados ao que vai acontecer com o outro lado, já temos um panorama. Podemos antecipar o cronograma e não esperar mais para junho. Falta a frente apresentar os seus candidatos e o outro grupo dos partidos mais da esquerda também. Acredito que, daqui para maio, a definição acontece.

Como está a articulação da frente de oposição?

Mais unida.

Unida com quem? Quantos partidos estão compondo o grupo atualmente?

O núcleo é PMDB, PT, PTB, PDT, PCdoB, PTdoB, PV, PRB, PRTB. Ainda não sabe como ficará a situação do PSD, que estava com a gente, mas indica que está saindo. O Solidariedade ainda não definiu e está tendo reuniões com a base do governo, e o PROS, do Givaldo Carimbão, que teve reunião com o Renan Calheiros e vai se decidir. Conversamos com todos esses partidos, mas ultimamente têm ficado mais distantes. Ainda tem os partidos emergentes, que são da nossa base. Ficamos com dez ou doze, podendo chegar a quinze partidos.

Na próxima reunião da frente, no dia 11 de abril, em Penedo, os nomes dos pré-candidatos serão apresentados?

Não acredito. Pode até ser que o Senado se defina, apesar de haver dúvidas quanto ao posicionamento do PT. A frente só apresenta o nome de Fernando Collor para senador. O PMDB reivindica o nome para o governo e não para o Senado.

O nome para o governo vai sair mesmo do PMDB?

Tudo se encaminha para isso. Esse grupo está afinado que o PMDB tem o direito de indicar o nome.

Renan pai ou Renan filho?

Renan pai é um nome de consenso.

E ele quer?

Nos últimos meses, a direção do PMDB estava com o Renan Filho. Na semana passada, numa entrevista de rádio, Renan Calheiros jogou a esperança de que poderia ser candidato e não o filho. A tendência, hoje, seria para o Renan Filho. Mas não significa dizer que se bateu o martelo.

Qual o fator que vai definir qual dos dois será o candidato a governador pela frente?

A unidade da frente. Do mesmo jeito que o Renan Calheiros tem a hegemonia, para ser o Renan Filho precisará do consenso. Tem um fator que favorece não ser o Renan pai. Ele [Renan Calheiros] pode ser mais útil em Brasília

e ajudar quem for governador aqui, o que já faz mesmo sendo da oposição. E esse é um instrumento forte que ele tem. Renan [pai] está lento porque precisa convencer que precisa continuar lá e que o segundo nome também tem que ser do partido dele. No início, foram quatro nomes, que, depois, chegou-se a Renan Filho. Foi o único, após o pai, que melhor correspondia aos eleitores.

E essa demora não atrapalha?

Pelo contrário. Está ajudando a frente a construir esse consenso. Se escolhêssemos, no início, o Renan Filho, as pessoas iriam questionar por ele ser novo. Agora, dá-se tempo de conhecer os dois, saber se é o melhor candidato. Temos que entrar para ganhar. Se tivermos clareza e as pesquisas indicarem, tem que ser esse o indicado. Se, por um lado, Renan Filho não tem a experiência que o pai e eu temos, ele tem o novo, menos rejeição. Se temos um prazo até junho, não podemos errar.



Por Gazeta de Alagoas

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