|

"Foi uma decisão que não estávamos preparados para tomar", admite Téo

Téo Vilela priorizou necessidades de eleger seu sucessor e construir um palanque para Aécio Neves. Atropelando ações da Defesa Social, Vilela mudou secretário sem definir substituto

A decisão do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) pelo nome do procurador de justiça Eduardo Tavares Mendes (PSDB) para disputar o governo de Alagoas expôs um enorme contradição quanto à “prioridade” que a gestão tucana diz ter com a política de segurança pública.

Na coletiva em que anunciou o pré-candidato Tavares nesta segunda-feira (7), o governador disse ter enxergado no procurador de justiça o "discernimento sobre as prioridades do Estado", ao escolhê-lo para comandar a Secretaria de Defesa Social, em janeiro. As informações de bastidores apontam que a ideia de alçá-lo à candidatura nasceu há seis meses. Vilela nega e Tavares fala em coincidência. Mas o governador não conseguiu disfarçar o incômodo por não ter um substituto definido, até o momento da entrevista, para a “prioritária” área da segurança pública.

“Foi uma decisão que não estávamos preparados para tomar. Era para caminhar em outro sentido. Mas nós estamos construindo a sucessão do Eduardo Tavares de modo que a segurança pública não sofra a menor alteração no ritmo muito consistente que ele vinha empenhando até agora. Os debates que tivemos encaminharam a Executiva do PSDB para a escolha do Eduardo Tavares. Isso realmente não estava previsto, ao ponto de que, hoje, neste momento, nós não temos ainda escolhido o seu sucessor. Amanhã, anunciarei. Será, com certeza, alguém altamente gabaritado e respeitado, para dar continuidade ao trabalho que está sendo feito. Segurança Pública é prioridade, mas o destino de Alagoas também é prioridade, inclusive na área de segurança, onde ele [Tavares] é expert. Inclusive o debate desta campanha para o governo do Estado terá, na segurança, também, um de seus eixos. A política exige que as decisões sejam tomadas diante do momento e da visão de futuro. E este foi o norte que o PSDB tomou para a escolha do Eduardo ser o nosso candidato, com um respeito e dedicação imensa a todos os outros pré-candidatos, homens do mais alto gabarito”, explicou Vilela, ao final da coletiva.

Eduardo Tavares negou ter utilizado a Defesa Social como trampolim eleitoral, ao negar saber que seria lançado na disputa pelo governo estadual, quando assumiu a pasta. Em seu discurso, disse ter cumprido a missão dada pelo governador nos 76 dias que passou no cargo. Mas se contradisse ao lembrar que, quando o governador o convidou para ser secretário, afirmou que “segurança era um problema prioritário” na sua gestão.

“Quando fui para a secretaria não fui com o intuito de ir para nenhuma candidatura. Fosse assim seria melhor que eu não fosse. Porque saí do Ministério Público com o nome 100% positivo e com a população e o MP 100% satisfeitos. A gestão foi de excelência. Se era para eu obter reconhecimento não iria para uma pasta tão difícil como a da segurança pública. Não houve nenhum pensamento, acerto, nada disso. Se o governador quisesse me projetar para alguma candidatura ao governo, me punha numa pasta que me desse visibilidade positiva. O governador agiu com a melhor das intenções. E eu também. O grande problema era que estava havendo uma certa desorganização no aparato da segurança. Arrumei a casa. Hoje temos as duas polícias extremamente organizadas e harmônicas. Essa questão de ter inaugurado vinte e tantas obras é de mim mesmo. Gosto de fazer as coisas. E gosto de tudo para ontem. O que houve foi uma coincidência. Foram dois meses e meio de pura felicidade na gestão. Entretanto, fui surpreendido pelo governador para essa nova missão”, disse Eduardo Tavares.

O "legado" dos 76 dias

Apesar de não falar nos números oficiais ainda não divulgados, o ex-secretário da Defesa Social ressaltou que houve redução da quantidade de homicídios no mês de março, na capital e no Estado.

Tavares também se mostrou orgulhoso de ter reforçado o policiamento dos bairros da área nobre da capital, ao afirmar que, durante sua gestão, somente teria havido três crimes letais na badalada região turística da orla marítima, que chamou de “metade de Maceió”. O reforço ficou conhecido como "Operação Manequim", pois alguns policiais denunciaram não poder atender ocorrências, só ostentar.

Tavares ainda minimizou o clima de insegurança vivido nas outras partes da capital mais violenta do País, que geograficamente representa muito mais da metade da população e do território da “metade” que ele protegeu. E sugeriu que a transparência e fidelidade das estatísticas divulgadas pelo governo do Estado não seriam seguidas por outros governos Brasil afora.

“A violência em Sergipe, Pernambuco e Bahia é muito maior que a nossa. Só que divulgamos a nossa violência de forma diferente. Aqui temos um governo transparente que enfrenta a verdade cara a cara. Nós não maquiamos os números. E estamos comemorando, com relação a março do ano passado, a queda de 22,7% de homicídios em Maceió, e de 13,8% de homicídios no Estado de Alagoas. É muito. Porque em São Paulo e no Rio de Janeiro se comemoram 1%. E em outros estados se fazem a maquiagem dos números, e nós, não”, celebrou o secretário relâmpago.

Que os números apareçam e caiam cada vez mais. Mas que o setor passe a ser tratado, realmente, como prioridade, sem a contaminação das surpresas nem dos interesses eleitorais que atropelam, historicamente, projetos dos quais depende a sobrevivência de milhares de alagoanos, na segurança pública ou em qualquer outra área dos serviços públicos essenciais.

Nome do Judiciário

O anúncio do novo titular da Defesa Social está previsto para esta terça-feira (8). E o nome do juiz de Direito Diógenes Tenório é o mais cotado para o cargo. Só que, para nomeá-lo como comandante da segurança pública, o governador terá de adiar mais uma vez a "prioridade" e esperar que magistrado conclua seu processo de aposentadoria, já que a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) veta juízes do exercício deste tipo de função.



Por Cada Minuto

Compartilhe :

veja também

0 comentários em ""Foi uma decisão que não estávamos preparados para tomar", admite Téo"

Deixe um comentario

últimas notícias