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Pesquisa gaúcha pode resultar em vacina para o câncer de próstata

Nos testes, vacina diminuiu o índice de mortes de 19% para 9%. Doença é o segundo tumor que mais mata homens no estado e no país.

Uma descoberta realizada há 14 anos levou um pesquisador da PUC-RS, de Porto Alegre, a desenvolver uma pesquisa inovadora, que pode resultar em uma vacina para controlar o avanço do câncer de próstata, como mostra a reportagem do Teledomingo, da RBS TV. A doença é o segundo tipo de tumor que mais mata homens em todo o país.

Ao misturar uma substância chamada “modulador do sistema imunológico” em algumas células doentes, o médico Fernando Kreutz conseguiu fazer com que células que antes ficavam escondidas do sistema imunológico no organismo mudassem de cor e se tornassem visíveis.

“Nosso sistema imunológico não consegue enxergar que aquela é uma célula tumoral, é como se ela ficasse invisível. Eu consegui fazer com que essa célula, que antes era invisível, se tornasse visível. Marquei a célula como se dissesse ‘olha, sistema imunológico, ataca ela porque ela é uma célula que tu precisa descobrir’”, explica Kreutz.

A partir desta descoberta, o pesquisador começou a produzir uma vacina usando células doentes retiradas do próprio paciente. As células são reproduzidas em laboratório, bombardeadas com radiação e morrem. A estrutura celular, já sem o câncer, recebe então a substância moduladora e é aplicada no paciente como vacina. “O sistema imunológico reconhece isso e prolifera, multiplica essas células que vão destruir o tumor”.

Os testes clínicos para a vacina começaram em 2002. No total, foram avaliados 107 pacientes com diagnóstico de câncer de próstata que precisavam de cirurgia. Depois, um grupo de 48 homens com idade média de 63 anos foi selecionado e o resultado foi surpreendente.

Vinte e dois homens fizeram o tratamento convencional, apenas com radioterapia e hormônios, enquanto 26 receberam também as doses da vacina. Depois de cinco anos, a avaliação mostrou que, no primeiro grupo, 48% dos homens estavam com a doença indetectável, ou seja, aparentemente curados. No grupo que tomou a vacina, esse índice saltou para 85%. Outro dado deu ainda mais esperança aos pesquisadores: a redução do número de mortes que, nestes casos, tem um índice médio de 20%.

“No grupo de controle que recebeu o tratamento convencional, tivemos 19% de mortalidade, exatamente o que era esperado estatisticamente. No grupo vacinado, tivemos uma mortalidade de 9%. Isso significa que a chance de o paciente morrer fazendo o tratamento convencional foi de uma em cada cinco pessoas, enquanto no grupo vacinado foi um em cada 11 pacientes.

Na próxima fase, 400 homens de todo o país vão participar da pesquisa. A produção da vacina ainda não tem data prevista.




Por Salutre








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